
A Tiniguena partilhou na 69ª sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres da ONU, a experiência da Guiné-Bissau relativamente aos desafios vividos pelas mulheres guineenses e as estratégias que tem utilizado para empoderar e promover a igualdade de género e o combate a pobreza.
Através dos painéis sobre “Mulheres e pobreza” e “Empoderando mulheres: abordando a desigualdade econômica saúde e justiça climática feminista” a Guiné-Bissau através da Tiniguena, representada pela Coordenadora do projeto EGALE-AO, Ruguiato Baldé junto com as representantes do Canada Fernande Abanda e Rita Morbia da Inter Pares, Deepa Mattoo da Barbra Schlifer Commemorative Clinic e do Sudão, Ghadir Abdelwahab (SWRC) refletiram sobre os desafios interconectados de desigualdade de gênero, disparidade econômica, problemas de saúde e mudanças climáticas, com foco específico nas experiências das mulheres e seus papéis na promoção do desenvolvimento sustentável em seus países.
As painelistas exploraram ações inovadoras que melhoram o acesso das mulheres a recursos econômicos, educação e oportunidades de emprego, particularmente em setores emergentes tendo em conta que o mundo enfrenta crescentes desigualdades de gênero exacerbadas pelas mudanças climáticas, pobreza e outras crises, o que tornou crucial abordar essas questões inter-relacionadas por meio de uma lente inclusiva.
Os painelistas pretendem igualmente fortalecer os esforços coletivos para implementar os compromissos feitos na Declaração de Pequim e encorajar a colaboração entre países, empoderar as mulheres e alcançar a igualdade de gênero.
“Ao longo da semana, ouvi muitas mulheres que estão a fazer um trabalho inspirador para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres. Também notei que uma das principais preocupações que se manifestou nos debates sobre os desafios que afetam a igualdade entre homens e mulheres foi a preocupação com a ascensão do patriarcado e da posição política que ameaçam todas as conquistas alcançadas nos últimos 30 anos. E temos testemunhado os tempos difíceis que se avizinham com o aumento das tensões geopolíticas, do nacionalismo e da incerteza em todo o mundo”, realçou Ruguiato.
O meu primeiro apelo à ação será dirigido ao Estado da Guiné-Bissau, o desenvolvimento não pode ser alcançado quando a maioria da população (mulheres) não é valorizada, investida em nem incluída no processo de tomada de decisões. O estado marginaliza constantemente as mulheres por não cumprir com os seus deveres de garantir os seus direitos. O relatório sobre o Estatuto da Mulher na Guiné-Bissau não chegou a ser submetido, e por isso a Comissão sobre Estatuto da Mulher não tem informação proveniente dos nossos oficiais sobre as realidades vividas pelas mulheres na Guiné-Bissau.
Apelo também aos nossos parceiros internacionais e peço-lhes que não esqueçam os progressos que já foram alcançados e que não subestimem o impacto que os projetos que apoiam têm na melhoria da igualdade de género na Guiné-Bissau e outras partes do mundo e que continuem a trabalhar em conjunto. Apelo também à comunidade internacional, e a todos nós aqui presentes, para que continuemos a pressionar os nossos governos no sentido de avançarem com políticas e programas de género que promovam a diversidade e a inclusão e atenuem as alterações climáticas. E, finalmente, para aqueles que têm dúvidas, o risco climático é real e as mulheres em todo o mundo, particularmente no sul global, já têm vidas frágeis, já estão a sofrer com a perda de meios de subsistência devido às alterações climáticas”, Ruguiato Baldé, coordenadora do projeto EGALE-AO.
De salientar que CSW é a maior reunião anual da ONU sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres e meninas. Foi criado no âmbito do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), a 21 de junho de 1946. Esta 69ª sessão é marcada com o lema “Vamos juntas por um mundo mais igualitário!”, aborda a revisão e avaliação da implementação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (1995), que é considerada o marco fundamental para o avanço dos direitos das mulheres. Prevê-se também a revisão do plano pactuado na 68ª sessão. O evento decorre até próximo dia 21 de março em Nova Iorque, nos Estados Unidos.