
Tiniguena e várias instituições parceiras e organizações da sociedade civil que atuam no domínio ambiental refletiram na sexta-feira, dia 14 de novembro, sobre o papel das áreas protegidas e das suas comunidades no combate à crise climática, com vista a fortalecer a cooperação entre países no reforço da intervenção na proteção das áreas protegidas no mundo e na mitigação da crise climática.
O evento "Áreas Protegidas: Integrando Biodiversidade, Clima e pessoas no enfrentamento da crise climática", promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no âmbito das atividades do Pavilhão Brasil da Zona Verde da 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, reuniu académicos, investigadores e instituições ambientais que partilharam experiências e reflexões sobre o papel das áreas protegidas e das comunidades locais na mitigação da crise climática, sob a perspetiva de diferentes saberes, contextos ecológicos e marcos internacionais.
A Tiniguena foi representada pelo seu diretor executivo, Miguel de Barros, que abordou a experiência da organização ao longo dos anos de trabalho com as comunidades locais, particularmente na criação e na gestão das áreas protegidas comunitárias.
Na sua intervenção realçou que a bioma existe por conta da presença dos povos tradicionais e dos sítios sagrados desses povos. Que a cosmovisão dos povos tradicionais é a principal referencia na proteção do património natural e na providencia dos serviços ecossistêmicos o que demostra que sem a cultura não há conservação e a conservação é um processo decorrente das tradições culturais ancestrais. E que o plano de gestão não olha só para a conservação das plantas, das espécies animais, mas reflete como é que as áreas protegidas são um mecanismo de soberania alimentar, económica e cultural.
O presidente do ICMBio, Mauro Pires na sua intervenção realçou a importância de partilha de experiências com os painelistas de diferentes países e experiência na conservação dos ecossistemas. Defendeu o reforço da intervenção nas áreas protegidas, principalmente na valorização das comunidades e convidou as organizações ambientais a trabalhar e cuidar da natureza com as comunidades residentes e convidou o Brasil a seguir o modelo da Guiné-Bissau relativamente a gestão comunitária nas áreas protegidas.
“Não podemos trabalhar com a criação de áreas protegidas que desconsideram o contexto em que a área protegida se insere. Não se pode fazer a conservação sem ter em conta as pessoas. Não tem como fazer a conservação se aquela conservação leva a desculturação daquela comunidade enfraquecendo os laços entre a comunidade e o seu território e natureza.
Estiveram também no painel a diretora de Assuntos Internacionais de Conservação Autoridade de Gestão de Parques e Vida Selvagem do Zimbábue, Patience Gandiwa, o diretor de Gestão Territorial do Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado do Peru, Devvis Christian Huamán Mendoza.