
A Guiné-Bissau, Costa de Marfim, Senegal e Togo refletem sobre a problemática do género e das alterações climáticas nos seus respetivos países com objetivo de traçar novas estratégias de abordagens e de advocacia em resposta a essas problemáticas que têm afetado as suas comunidades, particularmente as mulheres rurais.
Esta reflexão foi feita no quadro da realização do IIIº Workshop Regional de Coordenação do projeto Ação Climática Feminista (ACF-AO) a decorrer no país até o próximo dia 12 de abril, que juntou as diferentes organizações implementadores do projeto e dos parceiros financiadores, bem como as entidades governativas nacionais que participaram nas mesas redondas, nomeadamente António Vladimir Vieira, Diretor-Geral do Ordenamento de Território, Edineusa Cruz, presidente do Instituto Nacional da Mulher e Criança, Aissa Regalla, Diretora-Geral do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas e Júlio Malam Indjai, Diretor-geral da Agricultura.
Durante a cerimónia da abertura oficial do IIIº Workshop Regional de Coordenação do ACF-AO o Diretor executivo da Tiniguena, Miguel de Barros disse que a ocasião servirá para trocas de experiência sobre as metodologias utilizadas nas atividades de transformação das comunidades, mas sobretudo na possibilidade de construção de uma agenda comum, que permita enfrentar as desigualdades que afetam as mulheres e reduzir os impactos das alterações climáticas principalmente na agricultura.
O Coordenador de programas da ONG canadiana Inter Pares, Eric Chaurette explicou que o governo do seu país contribuiu com 16 milhões de dólares para a execução do projeto com vista a fortalecer as práticas agroecológicas e a reabilitação de ecossistemas, melhorando assim o empoderamento econômico das mulheres e das comunidades locais usando tecnologias apropriadas e a comercialização de produtos locais.
“A Guiné-Bissau tem uma lição importante para o mundo devido ao seu modelo único de governação da Área Marinha Protegida da Comunidade Urok, no arquipélago dos Bijagós. Um dos pontos fortes do projeto ACF-AO é o seu workshop anual de coordenação, visto que todas as organizações se reúnem, avaliamos em conjunto o nosso progresso em direção aos objetivos do projeto e partilhamos experiências e melhores práticas para amplificar soluções concretas para as alterações climáticas.
A Responsável do Programa da organização canadense de solidariedade internacional (SUCO), Geneviève Talbot disse que o projeto está no centro da visão da SUCO uma vez que apoia as comunidades na melhoria de suas condições sociais, econômicas e ambientais e na construção de sistemas alimentares sustentáveis e numa maior resiliência climática.
“A história de Fatu, membro do comitê de gestão do povo da ilha de Chedia, na Guiné-Bissau, ilustra os méritos deste projeto. Graças ao trabalho da Tiniguena, ela conseguiu superar sua insegurança, mesmo sem saber ler e escrever, tornou-se uma líder ativa. No Senegal, com o apoio do projeto ACF-AO foi criada uma plataforma de mulheres das ilhas de Basse Casamance, esta iniciativa comunitária permitirá levarem as suas reivindicações às autoridades tornando-se assim um espaço estruturado de incidência política.
Na Costa do Marfim, foram criados lagos de piscicultura em um ambiente natural, bem como unidades de transformação e conservação de mandioca e peixe por meio de freezers solares, e 15 hectares de manguezais foram reflorestados. E no Togo, os cursos de formação levaram as mulheres do grupo Lonlon a lançar a campanha "Lago limpo", limpando a área ao redor do Lago Zowla e mobilizando a comunidade em torno de um objetivo ecológico compartilhado”, explicou.
O ACF-AO é implementado por organizações líderes no domínio do desenvolvimento rural, dos direitos das mulheres rurais e da proteção do ambiente e que está a ser implementado no Senegal pelas organizações nomeadamente APISEN, ENDA PRONAT, CNCR, JVE e Suntaeg Énergie. No Togo pela INADES, na Costa do Marfim pela Inades Formation international e na Guiné-Bissau pela Tiniguena.