COMUNIDADE DE OIO, QUINARA E BAFATÁ RECOMENDARAM O REFORÇO DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE O QUADRO JURÍDICO REFERENTE A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES

No âmbito da implementação do projeto EGALE-AO, a Tiniguena promoveu um ateliê de capacitação aos líderes comunitários e organizações comunitárias femininas, sobre os Direitos das Mulheres à Terra e aos Recursos Naturais.

Durante o encontro de dois dia (16 e 17 de Abril), que juntou em Bissau mais de 50 participantes provenientes das regiões de Oio, Bafatá e Quinara, os participantes refletiram e discutiram sobre as situações das desigualdades de género, com base nas situações vividas no dia a dia das comunidades: direito de acesso a terra às mulheres – desenhando caracterizando uma situação em que as mulheres tenham acesso a terra igual aos homens, e a promoção da igualdade de direitos entre os géneros e as transformações no seio das comunidades, evidenciando os benefícios de uma sociedade justa e igualitária.

Os participantes do ateliê recomendaram a realização de mais ações de formação sobretudo nas comunidades locais, essencialmente para os líderes tradicionais e religiosos. Uma maior disseminação dos conhecimentos e informações adquiridas na formação, principalmente sobre temas relacionados aos direitos das mulheres e igualdade de gênero. A Adoção de uma estratégia de sensibilização e mobilização sobre a igualdade de género com enfoque especial nos jovens e organizações comunitárias com vista a uma mudança de mentalidades que valorize os direitos das mulheres.
Na sessão de abertura, o diretor executivo da Tiniguena, Miguel de Barros, assegurou que as mulheres são a maior força produtiva e agrária do país, mas que enfrentam constrangimentos enormes ligados ao direito de acesso e posse da terra e das vantagens económicas relativamente à sua produção.
“Vamos trabalhar para garantir os modos de produção mais sustentáveis e que valorizam os saberes culturais associados à produção, mas também à dimensão ambiental, permitindo que as comunidades tenham mais capacidades de resiliência, relativamente aos mercados e choques externos”, afirmou.
Indicou que uma das apostas do projeto será a de trabalhar pela justiça social no setor produtivo, em particular com as mulheres, para garantir que a justiça social esteja presente no campo produtivo, impactando na melhoria das suas vidas.

Por sua vez, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, elogiou a iniciativa, enfatizando que o projeto pretende introduzir mudanças significativas e criar equilíbrio entre os homens e mulheres na sociedade guineense. Isto tendo em conta as práticas tradicionais e culturais, que têm colocado os direitos das mulheres em segundo plano e em situações complicadas no exercício dos seus direitos fundamentais.

E alertou ainda que sem o respeito pelas questões de igualdade e dos direitos humanos, não se pode ter uma democracia, um Estado de direito, a paz e o desenvolvimento. Afirmou ainda que os dados estatísticos revelam sempre que existem desigualdades estruturais entre os homens e as mulheres, e que a camada vulnerável são as mulheres.

A vice-presidente da Associação das Mulheres de Enxudé, Elcimira Embundé, disse que esta formação vai ainda mais facilitar a vida das mulheres na gestão da sua casa e na sua comunidade. Porque foram capacitadas sobre os direitos iguais que as mulheres têm, principalmente de posse de terra e gestão da economia.

Imame da aldeia de Madina Sara, Muhamadu Baldé disseram que o encontro permitiu um intercâmbio de experiência entre as diferentes aldeias que participaram, visto que as culturas são diferentes apesar de terem as mesmas preocupações. E que a formação e o acúmulo de experiências vindas de outras zonas vão ainda mais ajudar a sua comunidade, vão ajudar na mudança de comportamento sobre a problemática de género. O Imane de Madina Sara prometeu replicá-lo junto da sua comunidade e das aldeias vizinhas com a qual partilham as mesmas realidades.
Professor na aldeia de Embunhe, Solna Sanha elogiou a organização por juntar no encontro não só a parte que é mais vitimizada (mulheres), mas também, imames, chefes e comités de tabanca, o que segundo disse ajudou bastante nos momentos das partilhas de experiências onde todos refletiram sobre a questão de gênero e da economia familiar de uma forma mais aberta. Para o professor essas entidades são as que mais têm poder de mudar algo na comunidade em prol da defesa dos direitos das mulheres.

De realçar que o projeto EGALE-AO visa “Reforçar a Igualdade de Género através da Agroecologia Liderada por Mulheres na África Ocidental, financiado pelo Governo canadiano e em parceria com a ONG Inter Pares.

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