ESTUDO SOCIOECONÓMICO APONTA ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E A INEXISTÊNCIA DE UMA AGRICULTURA MODERNIZADA COMO CAUSAS DA REDUÇÃO DA PRODUÇÃO NAS ILHAS BIJAGÓS

A Tiniguena no quadro da implementação do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento Económico das Regiões do Sul (PADES) apresentou o estudo Socioeconómico que apontou que as questões relacionadas com as alterações climáticas (salinização, seca e inundação) e ataques frequentes dos animais e pragas, com destaque do hipopótamo, são as causas do abandono de 73,4 por cento das bolanhas dos sectores de Uno, Caravela e Bubaque.

Um outro fator também tem a ver com a escassez da mão-de-obra nas tabancas devido à emigração ou mobilidade de jovens para centros urbanos e à inexistência de uma agricultura mecanizada.

A cerimónia de apresentação decorreu na cidade de Bubaque e foi testemunhada pelas autoridades administrativas locais, parceiros e representantes das estruturas comunitárias dessas onze comunidades envolvidas diretamente no estudo nos sectores de Uno, Caravela e Bubaque, com vista a dar respostas adequadasaos riscos climáticos que afetam a produção vegetal, em particular o problema do controlo da água.

Foi constatado nas onze aldeias envolvidas no estudo que apesar da existência das estruturas sociais e de governança comunitárias, (Comité de Desenvolvimento Integrado de Tabanca (CDIT) ainda persistem as problemáticasrelacionadas com as delimitações de espaços produtivos, conflitos entre produtores e criadores de animais e conflitos com motivações partidárias.

O estudo mostra que o arroz é o produto mais produzido e que também é na sua maioria para o consumo familiar. E que a produção de óleo de palma apresenta alto potencial de geração de renda, bem como a produção hortícola para a comercialização sob impulso de projetos, principalmente, em agrupamentos de mulheres.

O estudo recomendou a formação  de técnicas de combate apoiando os recursos locais e na multiplicação de sementes agrícolas e na sua adaptabilidade face às mudanças climáticas. Também aconselhou uma parceria com os serviços meteorológicos para a informação atempada sobre a quantidade de metros cúbicos previstos, e para a escolha das variedades para cada ano um acompanhamento técnico das beneficiárias em cultivo e em gestão.

Presidindo a cerimónia, o secretário administrativo sectorial de Bubaque Celestino Gomes não só mostrou a sua satisfação perante as ações da Tiniguena nas ilhas enquanto parceira do Estado, como também apontou as mudanças e capacidades resilientes que as suas comunidades têm capitalizado com projetos que beneficiam.

Mostrou-se ciente dos desafios que o sector enfrenta, destacando a erosão costeira e a mobilidade entre ilhas, a falta de uma política de governação séria e comprometida em atender as necessidades da população e a fraca sinergia entre as estruturas do Estado. Denunciou igualmente a exploração massiva de carvão na ilha de Rubane.

Por seu lado, o Director Executivo, Miguel de Barros disse que a sua instituição tem trabalhado para que os produtos do ecossistema sejam saudáveis e disponíveis para as populações,  que esta também tenha a capacidade de  produzir e valorizaar esses produtos através das organizações sociais fortes da própria comunidade para o proveito desses produtos e saberes como também na melhoria das próprias políticas públicas, “caso seja o contrário os estudos socioeconómicos não servirão em nada”, advertiu.

De referir que foi também feita a criação de Estruturas de Gestão comunitária nas onze aldeias.

O Projeto de Apoio ao Desenvolvimento Económico das Regiões do Sul (PADES) destina-se aos agricultores e produtores vulneráveis das regiões de Quinara, Tombali, e Bolama-Bijagós visando apoiar a produção e a produtividade do arroz e as atividades complementares, bem como valorizar a produção e melhorar o acesso ao mercado. É cofinanciado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e pelo Fundo da OPEP para o Desenvolvimento Internacional.

 

 

 

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