De maio a junho de 2023 a Tiniguena efetuou a recolha de dados e redação do estudo de linha de base para o projeto de Ação Climática Feminista na África Ocidental, (ACF-AO) na Guiné-Bissau. A recolha consistiu numa consulta à documentação de políticas nacionais existentes para redução e reforço de capacidade das populações locais, em particular os grupos mais vulneráveis, para fazerem face às mudanças climáticas. Consistiu ainda de workshops de transmissão de conhecimentos entre gerações (na forma de djumbai) e entrevistas semiestruturadas. Os djumbai e entrevistas tiveram lugar na Área Marinha Protegida Comunitária (AMPC) de Urok e em Canhabaque. Apesar das limitações logísticas e de tempo, o estudo de linha de base foi concluído com sucesso. Este estudo é uma ferramenta para o diagnóstico de barreiras e facilitadores da participação ativa das mulheres e jovens rurais em órgãos de decisão para a gestão da biodiversidade e ação climática, uma componente essencial do ACF-AO.
Graças à recolha de dados notou-se que as alterações climáticas constituem uma preocupação política na Guiné-Bissau e a temática é presente nos documentos que projetam a visão estratégica do desenvolvimento do país. No geral, as populações das zonas de intervenção do projeto têm uma consciência clara das alterações climáticas e as mulheres estão constantemente em busca de estratégias alternativas para minimizar os problemas enfrentados no quotidiano, e garantir a continuidade das atividades geradoras de rendimento. Notou-se também que a participação feminina e dos jovens é um dos principais desafios do processo de governação em curso. A sua consolidação impactaria com muito relevo a manutenção de uma cultura viva, a conservação da natureza e a coesão social nas áreas de intervenção.
O projeto de resiliência climática ACF-AO é financiado (de 2023 a 2025) pelo Governo do Canadá através dos Negócios Globais do Canadá, em parceria com a ONG Inter Pares, parceira de longa data da Tiniguena, e a ONG SUCO. ACF-AO pretende ajudar as pessoas a adaptarem-se às alterações climáticas, com foco nas mulheres e jovens, nas regiões de Quínara e dos Bijagós. O projeto é um esforço sub-regional, estando a ser implementado por outras organizações no Senegal, Togo e na Costa do Marfim.