A Tiniguena e a ONG Feminista Canadiana Inter Pares, engajadas no reforço da Igualdade de Género através da Agroecologia Liderada por Mulheres na África Ocidental, procederam a entrega do perímetro hortícola de 0,4 hectares com sistema de bombeamento Solar àcomunidade de Gambasse, sector de Ganadu, região de Bafatá.
A construção do perímetro hortícola na aldeia de Gambasse teve como objectivo de melhorar as práticas agroecológicas, a utilização de tecnologias apropriadas para produzir e transformar os alimentos locais produzidos por mulheres cuja aldeia enfrenta escassez de água para o consumo e para a prática de horticultura.
O ato da entrega juntou representantes do governo regional e sectorial, imames, organizações comunitárias e a equipa da Tiniguena, testemunhando a apresentação dos novos corpos sociais do comité de gestão da Horta e da associação daquela tabanca. E por fim visitaram o perímetro e testemunharam a assinatura do acordo de cedências de espaço a favor da comunidade.
Na sua intervenção, o administrador do sector de Ganadu, Candjura Samati, disse ter acompanhado os trabalhos que a Tiniguena tem desenvolvido, e que a entrega da horta reforça ainda mais a confiança nesta organização em fazer a advocacia e mobilização dos fundos atendendo as necessidades das comunidades rurais. Pediu à organização que estenda suas ações nas outras aldeias do sector, que ainda enfrentam questões ligadas à escassez de água e igualdade.
“Entrego a responsabilidade sobre a horta inaugurada, porque custou grandes investimentos e a gestão disso pendura também sobre nossos ombros. Agora percorrer de aldeia em aldeia com baldes na cabeça a procura de água acabou porque temos eletrobomba que irá alimentar os nossos produtos hortícolas naquela horta a favor do nosso rendimento”
O Representante da Delegacia Regional da Agricultura, Saido Embaló, alertou as mulheres a não abandonar a horta como tem acontecido noutras localidades da região, porque quem perde são elas tendo em conta que são elas que mais se engajam no desenvolvimento das comunidades.
“Vocês as mulheres se empenharam porque vi um envolvimento uma colaboração entre vocês e a coordenadora do projeto, isso é muito bonito e importante”, disse.
Por seu lado, o diretor Executivo da Tiniguena, Miguel de Barros disse que a comunidade de Gambasse é desafiada mais uma vez a mostrar a sua capacidade de produção, gestão e de liderança dentro e fora da sua comunidade, principalmente as mulheres que são o alicerce do desenvolvimento comunitário.
“Dentro de 10 anos, os que agora estão implicados diretamente na horta não terão mais a mesma força porque assim é a lei da vida. Se não forem implicadas jovens raparigas neste processo de aqui a 10 anos não teremos mais a horta, e esta responsabilidade é partilhada com outros líderes comunitários porque a tabanca não pode conseguir desenvolvimento sem a união e sem a colaboração entre as gerações, gêneros e parceiros”.
A presidente da Horta, Sirem Sanha, realçou que os projectos anteriores da Tiniguena, permitiram com que as mulheres se engajassem cada vez mais em mostrar os seus potenciais.
“Hoje ficamos contentes, e o meu coração também porque dantes íamos às outras aldeias à procura de água para a nossa horta, mas acabou com a intervenção da EGALE-AO, temos horta vedada, torneiras e painéis” disse.
O Imame, disse que suas mulheres enfrentam grandes dificuldades no seu dia a dia, e o projeto EGALE-AO as ajudou muito, e pediu que a Tiniguena faça chegar a sua intervenção às outras aldeias próximas porque “realmente as mulheres cansa”.
O Comité da Tabanca, reforçou a sua colaboração com a ONG para o bem da sua comunidade.
A Empresa executora do projecto recomendou a comunidade que cuide do recinto, principalmente com sacos de plástico, que facilmente podem danificar os equipamentos de bombeamento solar.
A coordenadora do projeto “EGALE-AO” da Guiné-Bissau, contou que atuam em 16 comunidades das regiões de Bolama, Quinara Oio e Bafatá, com o objectivo de reforçar a igualdade de género através da formação, sensibilização e djumbais com as estruturas de cada comunidade para uma melhor colaboração no que diz respeito à igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.
“Essa horta foi possível graças ao empenho e vontade manifestada pelas mulheres e esperamos que todos possam desfrutar do resultado que virão da horta”